13.2.07

A evolução do cagar

Hoje, enquanto defecava ou cagava - como queira - sentado sobre uma deliciosa patente, pensava no ato que executava e lembrei-me do tempo de criança na roça. Naquele tempo - e ainda hoje em algumas propriedades rurais - não se percebia pessoas reclamando de barriga empanzinada (sem defecar/cagar) por três ou cinco dias.
Diante de minha reflexão, vale destacar que o desenvolvimento da sociedade trás algumas complicações de saúde, entre elas o defecar. Como se defecava de côcora (ou de “coca”, como se dizia na época), a merda saia tranqüilamente sem que o cagão precisasse fazer tanto esforço como em muitas situações atuais precisamos fazer.
Atualmente, para defecar tem-se até que tomar purgante.
A posição atual de cagar não contribui para que a merda saia com facilidade.
Em algumas situações, enquanto estamos sentados sobre a tampa do vazo, sentimo-nos na obrigação forçada de fazer exercícios para evacuarmos: indo para cima e para baixo com o tronco, tocando a barriga no joelho e subindo à posição vertical, para que a merda flua com facilidade.
Hoje, ao visitarmos alguém em um sítio e necessitando de um banheiro, perguntamos ao morador: onde está o banheiro?
O visitado diz: é ali, aquela casinha de madeira.
De imediato você fica apavorado, inclusive a merda parece fazer greve para não sair e você tenta resistir ao máximo de tempo aguardando chegar nalgum lugar que tenha um banheiro.
Como em boa parte dos sítios ainda não existem banheiros na área interna das residências e sim o “mitório” (casinha de madeira com um buraco no meio do assoalho onde você abaixa as calças e sentado sobre as pernas, sem fazer esforço: a merda desce automaticamente), você se sente obrigado a utilizar a casinha de madeira, ou seja, o mitório.
Lembramos que os mitórios não existiam apenas no campo. Era prática também nas cidades antigas e em muitas residências atuais espalhadas pelos campos e pelas vilas e distritos.
Morei em um patrimônio na década de 1970 que hoje é município e a maioria absoluta das casas não tinha banheiros e sim mitórios. Se chegássemos em uma casa que tivesse banheiro interno, tínhamos o proprietário como o “bem de vida”. O pior, ficava olhando a beleza do banheiro que se esquecia de cagar.
As mudanças se iniciaram quando inventaram o assento nos mitórios dos sítios e das cidades. O passo seguinte foi defecar sentado sobre uma caixa de madeira construída sobre o buraco dentro redondo, quadrado ou triangular da casinha de madeira afastada da residência central.
Imaginem você quando ocorria de ter dor de barriga, numa noite de chuva forte com relâmpagos e ventania e a casinha de madeira estar a 20 ou 50 metros da residência. E já aconteceu comigo...
Após se inventaram a caixa de madeira (o assento) nos mitórios, o passo seguinte foi construí-lo junto com o chuveiro de banho e o local passou a ser identificado como banheiro (antigamente o mitório era separado do chuveiro). Foi necessário apenas aterrar um cano ligando o banheiro atual ao mitório antigo que passou a ser chamada de fossa - que não é nada mais que o mitório sem a casinha de madeira construída sobre o buraco, ou seja sobre a fossa.
É possível inclusive compreender porque alguém quando está triste o outro diz: ele está na fossa. Ou seja: ela está na merda.
Com a evolução das pesquisas e da tecnologia, agora, empresas especializadas transportam nossa merda para uma lagoa de tratamento e o trajeto dela recebeu o nome “científico” de REDE DE ESGOTO.
Se antigamente a esposa, esposo ou filhos iam ao mitório e ninguém escutava o gás explodindo, hoje é diferente. Nas suítes enquanto um sentado na patente solta gazes, ao lado o outro escova os dentes, mesmo reclamando dos odores.
Muitos outros, por falta de tempo, devido a correria do mundo globalizado atendem telefones; empresários fecham grandes negócios; professores preparam aulas; políticos maquinam desvios do erário público; juízes pensam sentenças...

1 Comments:

At 13/2/07 11:18, Anonymous Anônimo said...

Concordo. Há um estudo que concluiu que cagar lendo jornal não é bom. No ato de cagar vc deve estar concentrado só na atividade. Assim tudo funcionará bem.

 

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